Infra estrutura ágil - Por Paulo Isidoro Koscak

Infraestrutura Ágil é possível e você já deve estar pensando em práticas/cultura DevOps para esta implementação, mas vamos nos concentrar apenas no mindset. Estamos falando em aplicar a cultura ágil em uma parte da TI que está acostumada a apenas ser reativa, ou comumente dito pelos profissionais da área, apagar incêndio ou enxugar gelo através de uma ferramenta de abertura e acompanhamento de chamados.

Para que seja realmente possível uma transformação do modelo para ágil é necessário entender a realidade de infra. É necessário saber que é sim uma área reativa que tem por hábito trabalhar exaustivamente e quase sem tempo para planejamento.

Atuo como Agile Master desde setembro de 2017. Havia trabalhado em alguns projetos pontuais, mas desde julho de 2018 em apenas um time. Aprendi toda teoria de Scrum e achei que era o suficiente. Ledo engano. Agilidade está muito além de Scrum, Kanban e qualquer outro framework. Agilidade está na adaptabilidade do profissional com o cenário e contexto atual e com as necessidades das pessoas e da empresa.

Não é possível aplicar agilidade em lugar nenhum sem antes entender as necessidades do negócio e da equipe. As principais perguntas que quase nunca são feitas são: “você faz o que gosta? Você está fazendo o que te satisfaz? O que você gostaria de fazer?”

Entendendo as necessidades do indivíduo, passa a ser mais fácil combiná-la as necessidades da companhia como um todo e com isso a probabilidade de sucesso passa a ser maior. Há muitas vezes, contudo, a falta de harmonia entre as necessidades. Caso a discordância seja irreversível, talvez procurar outros caminhos seja o melhor caminho.

Mas há um segredo para se aplicar agilidade em infraestrutura? Qual a fórmula do sucesso? Não há segredo, tão pouco fórmulas de sucesso. Há o conhecimento aplicado e a vontade das pessoas em recebe-lo. A transformação ágil em equipes de desenvolvimento foi pioneira e vem sendo aplicada há alguns anos. Em infra está sempre ligada a DevOps. Todavia, não é uma máxima.

Meu primeiro desafio com Agile Master de infra foi um projeto da implantação de uma ferramenta que fizesse o Hadoop conversar com o Mainframe, onde a maioria dos profissionais possuem um “tempo de casa” alto, com perfil de analista de Mainframe. O primeiro passo foi entender o projeto. Apliquei uma abordagem comportamental na Squad de nome “dinossauros”, que foi a paciência. O nome da squad é uma analogia aos profissionais mais tradicionais, e a escuta ativa também foi uma das técnicas utilizadas nas reuniões. Entendi o que era, para que servia e quais eram as melhores práticas para a implantação da ferramenta de replicação.

Todos os membros já tinham ouvido falar sobre scrum e ágil. Já sabiam sobre timeboxes e sprints, mas nunca tinham praticado. E como toda boa teoria, na prática é outra. Éramos em 12 pessoas na squad e as primeiras dailys foram intermináveis, sendo bastante cansativas. E eu deixei, deixei que eles ficassem em pé, falassem e fossem escutados. Aquela primeira semana soou como um desabafo. Insatisfações e reclamações e tudo que eu fiz foi ouvir e anotar. Na segunda semana, antes de começarmos, orientei que teríamos 15 minutos para falarmos o que tínhamos feito na sexta e o que faríamos até a próxima daily. Com as técnicas de facilitação aplicadas, fomos diminundo o tempo e com o passar dos dias, eles foram ficando mais focados e mais familiarizados com a dinâmica da reunião diária.

Naquela mesma sexta, fizemos nossa primeira reunião de review e retrospectiva. Optei pela dinâmica do que bom, que pena, que tal. Saímos todos muito satisfeitos, felizes por terem sido ouvidos e poderem falar. O senso de responsabilidade era inerente a cada um, mas ali tínhamos formado uma equipe de trabalho. Os pontos abordados como negativos, foram votados e os planos de ação saíram dali mesmo. Foi de uma satisfação enorme, tanto para mim, quanto para o time. Veio a segunda e nossa reunião de planejamento aconteceu. Era a primeira planning do time, uma vez que começamos o projeto apenas com a daily. Foi a partir desta reunião que eles entraram de cabeça no ágil. O quadro Kanban era movimentado constantemente, as cerimônias diárias eram aguardadas e respeitadas e nossas metas eram cumpridas, muitas vezes até excedendo o planejado. Com 3 sprints de 10 dias, finalizamos o projeto, sendo validado pelas áreas de negócio.

Éramos em 12 no time, 7 deles com muita experiência em Mainframe e de empresa. A satisfação com que eles entregaram o projeto foi impagável. Fez com que todo o esforço valesse a pena.

Agradecimentos: Sergio Polo, Guilherme Versoti, José Eduardo.

https://www.linkedin.com/pulse/infraestrutura-%C3%A1gil-paulo-isidoro-koscak/

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